Fartos de me ouvir falar mal disto? =)

Bom dia/tarde caros bloguistas. Depois de mais um testezinho, cá venho eu falar de Oftalmologia outra vez. Fartos? Bom, as notícias são positivas. Ontem foi um dia cansativo (principalmente por ter sido depois da pseudo-directa para estudo) mas pela primeira vez na vida gostei de alguma coisa nesta cadeira...

Não foi do primeiro Seminário da manhã, for sure... Não foi da teórica, por razões óbvias (não fui... preferi ir para a Sala de Alunos "estudar" aka ouvir música e tagarelar com a malta). A prática foi "ok", mas nada do outro mundo. Aliás, nada do dia foi "algo do outro mundo", mas houve uma história na aula da tarde que me fez dizer "This is totally going to my blog":P

O regente falou de uma consulta de aconselhamento genético oftalmológico que deu na década de 70. Era um casal de cegos que se tinha apaixonado, casado, e queriam ter filhos. Mas tinham medo de fazer o rebento herdar a condição de cegueira deles. Ele tinha glaucoma congénito (era isso?) e ela tinha tido cegueira de causa adquirida (não me lembro qual). Assim, o médico explicou que os riscos do hipotético bebé ter algum problema oftalmológico não eram muito maiores do que para todos os outros bebés. Nove meses depois, o casal voltou à consulta, levando ao colo o herdeiro, de forma orgulhosa. Segundo as palavras do professor, era um bebé lindo, que via, e demonstrava a quem queria também ver que era uma criança feliz. Passava a vida no colo dos pais, pois era a única maneira que tinham de o acompanhar. Imagino que isso fizesse o bebé sentir-se seguro, amado, desejado.

A única coisa fora do comum, era a criança estar toda arranhada. Os pais não tinham maneira de reparar nisso, mas o médico obviamente notou.

Os pais satisfaziam todas as necessidades do bebé, mas não reparavam que era necessário cortar-lhe as unhas. E o médico tratou disso. Também imagino que com o maior carinho possível, e admiração por aquela família. E a partir daí, todas as consultas regulares de oftalmologia da criança serviram para o médico cortar as unhas ao bebé... e comover-se com a pureza e amor daqueles três. Eu sei que comovi e nem os conheci:)

Fez-me lembrar o "Dancer in the Dark"... E agora, depois de escrever, lembrei-me também da curta "Tour Eiffel" do "Paris, je t'aime"... (Mais uma coisinha de que já devem estar fartos de me ouvir falar:P

Fica aqui, já agora:



Não podia deixar de referir a pérola nerd do dia:P Uma pequena introdução para quem não está dentro destas tretas da Semiologia Oftalmológica (lucky you:X): supostamente, sempre que um doente chega à nossa presença a queixar-se de deixar de ver, dor nos olhos (ou "sentir os olhos"; como pomposamente dizem XD) devemos garantir que descobrimos QUANDO começou, COMO começou, se é num olho ou nos dois, etc... Mais um pormenor importante: na aula da tarde havia muita gente a conversar e a fazer um barulho incómodo para o professor, e o próprio queixou-se disso.

Agora aqui vai a história: à saída, estava eu, Bernardo, Ms Mandy Moore e Laura a conversar cá fora, o professor passou por nós, meteu conversa e logo disse

"Há por aí uns meninos que falam muito!"

Nós às vezes até falamos, mas como não foi o caso ontem, achámos por bem lavar a nossa honra, esclarecendo:

"Pois... Mas nós até nem estávamos a falar lá dentro!"

"Sim...Mas lá de baixo não consigo ver, não é?"

E é aqui a tirada mágica da Ms Amandia 'Mande' Moore, com simulado ar de pânico:

"Não vê? Só de um olho? Quando começou?"

(Se a piada não valesse por si, teria valido pela gargalhada meio maquiavélica do professor logo a seguir... Acho que ganhaste um admirador, Mandy!:P)

XOXO:P

Jo Darko